sábado, 24 de março de 2012

Willcox & Gibbs – Publicação 13

 

O Museu de Antigas Máquinas Manuais de Costurar (MAMC) é um acervo particular e privado, registrado no Ministério da Cultura, que desenvolve pesquisa e preservação deste importante instrumento.

“É vedada a utilização de quaisquer informações contidas em suas publicações,  para fins lucrativos ou comerciais, sem autorização expressa de seu curador, sob pena de indenização judicial.”

O MAMC, nesta 13ª Postagem apresenta o admirável desenvolvimento da indústria Willcox & Gibbs Sewing Machines, iniciada em 1850, a partir da criatividade e perseverança de um agricultor, residente em Rockbridge County, Virgínia.

Registros históricos citam que James Edward Allen Gibbs era um agricultor muito curioso, interessado no aperfeiçoamento de ferramentas, e que brincava com suas invenções nos intervalos das colheitas.

Mencionam que, partir da gravura de uma máquina de costurar Grover & Baker, vista em jornal da época, ele resolveu construir uma semelhante. Para tal, muniu-se de pedaços de madeira, um canivete e alguns acessórios agrícolas. A máquina, modesta e rudimentar, conseguia encadear pontos em tecidos, insinuando uma grosseira costura.

Willcox maq madeira 

Máquina de James A. E. Gibbs

Em 1856, Gibbs observou criteriosamente uma pioneira máquina Singer, exposta em loja de Washington. A partir dela, idealizou profundas modificações, assim como o sistema de ponto cadeia, no qual cada descida da agulha produz uma alça, que é introduzida na anterior por um gancho rotativo, formando uma sequente corrente (cadeia).

Wilcox & Gibbs I Sistema de cadeia (gancho rotativo)

Tal método revolucionou o processo de costura, pois os existentes utilizavam lançadeira inferior com a segunda linha para completar o ponto.

Em junho de 1857, Gibbs conseguiu patentear um mecanismo mais elaborado, sempre mantendo o sistema de ponto em cadeia, com o tecido tracionado por pequenas rodas dentadas.

pat 1857Primeira patente (cortesia Sewalot)

 

maq 2

1857 Máquina já industrializada (cortesia Mike Wolfgang)

No mesmo ano, já com uma pequena instalação industrial, fabricou e comercializou as primeiras máquinas.

As diminutas dimensões da máquina, sua eficiência e o baixo custo (metade do valor das demais) constituiram um grande sucesso comercial.

pat 1858

Patente de agosto 1858 (cortesia Sewalot)  

A partir de 1858, a empresa prosperou e integrou seu filho Charles Willcox transformando-a em Willcox & Gibbs Sewing Machine Company.

Wilcox, também com característica engenhosidade, registrou várias patentes, como o tensor automático para a linha, executado em vidro; novo sistema de alimentação; redução de ruído mecânico,...

indústria Funcionários em frente à JR Brown & Sharpe (1870)

Neste ano, Willcox & Gibbs contratou a indústria JR Brown & Sharpe de Providence, Rhode Island, para produzir as suas máquinas de costurar, com esmero e qualidade muito confiável, por ser consagrada fabricante de relógios de precisão.

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Montagem da W&G na JR Brown & Sharpe (1879)

Para comercializar suas máquinas, Willcox & Gibbs abriu um escritório na renomada Broadway, em Nova York, no ano seguinte.

Enquanto outros fabricantes, como a Wheeler & Wilson vendiam suas máquinas ruidosas e pesadas por Us$100,00, a Willcox & Gibbs, leve, funcional e silenciosa, era oferecida pela metade do preço (Us$50,00).

Wilcox & Gibbs

Além disso, sua máquina dispensava a tarefa do cansativo e intermitente preenchimento das lançadeiras inferiores, como todas as demais, pois que costurava apenas utilizando uma linha, com abastecimento superior.

Afora estas fundamentais qualidades, sua facilidade de utilização, simplicidade mecânica e alta confiabilidade, concorreram para o sucesso de vendas.

logotipo Logotipo da W&G (prateado)

Meses após iniciou a venda também em Coalbrookdale, Inglaterra, extraordinário polo comercial da época e onde começou a revolução industrial.

Propaganda Propaganda distribuida em Londres

As agulhas específicas para as suas máquinas de ponto cadeia também foram patenteadas e especialmente produzidas.

agulha

(cortesia Sewalot)

 

type 200

Modelos para trabalhos específicos foram também produzidas, como esta “Type 200” para confecção de chapéus de palha

 

clone

Algumas indústrias produziram cópias (cerca de 30 conhecidas autorizadas ou não) das Willcox Gibbs, assim como esta, com motorização elétrica, fabricada pela Edredge Sewing Machine Company.

Em 1862, a Willcox & Gibbs já possuía representantes nas maiores cidades da Inglaterra: Londes, Nottingham, Manchester, Leeds, Leicester, Birmingham, Luton...

Além destas, também em outras destacadas cidades européias: Glasgow, Paris, Milan, Bruxelas, Antuérpia...

Willcox Gibs 

W&G nº145336, fabricada em janeiro de 1870, acervo do autor

A partir de 1953, a empresa apresentou déficit e, em 1960 abriu uma fábrica em Orangeburg, Nova Iorque, adquirindo a Raybond Electronics, fabricante de sistemas de colagem e equipamentos de laminação de madeira.

No ano seguinte, Willcox & Gibbs adquiriu a Sunbrand Corp, produtora de itens para a indústria de vestuário, continuando a adquirir pequenas empresas, não relacionadas com máquinas de costurar.

Em 1982 Willcox & Gibbs vendeu os equipamentos de produção de máquina de costurar para uma empresa japonesa, a Pegasus Inc.

A partir de 1994, a empresa, rebatizada Rexel, Inc., dedicou-se apenas na produção de peças, suprimentos elétricos e cabos especiais para computadores e sistemas de comunicações.

Acervo 18a

Willcox & Gibbs situada em destaque na sede do MAMC

O MAMC, tendo também por finalidade a  pesquisa  histórica para a preservação deste e de outros importantes equipamentos mecânicos, fulcros na evolução da humanidade, participará da “Expedicción Sur 2012”, percorrendo a Argentina e o Chile, na pretensão de adquirir  informações e peças para enriquecer seu acervo e suscitar discussões dentre os interessados nestes conhecimentos.

“Uma edição atual do Times contém mais informação que o mortal comum podia receber em toda a vida, na Inglaterra do século XVII. (Richard Saul Wurman - editor americano - 1936/ ..)”

Prof. Darlou D’Arisbo