terça-feira, 15 de maio de 2012

Calços e Percalços do Colecionador – Publicação 14

 

O Museu de Antigas Máquinas Manuais de Costurar (MAMC) é um acervo particular e privado, registrado no Ministério da Cultura, que desenvolve pesquisa e preservação deste importante instrumento.

“É vedada a utilização de quaisquer informações contidas em suas publicações,  para fins lucrativos ou comerciais, sem autorização expressa de seu curador, sob pena de indenização judicial.”

Nesta 13ª publicação, um inesperável relato episódico:

Retornando de viagem ao Chile e Argentina, com nosso motor home (www.felizmotorhome.blogspot.com), chegamos à sedutora Buenos Aires, a tempo de visitar a consagrada Feira de San Telmo (domingos, na Calle Defensa), onde ávidos garimpeiros encontram miríades de antiguidades.

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Realmente, a colossal feira é indescritível pela quantidade e fantástica pela variedade, com bancas distribuídas em dez quarteirões pela rua ou em galerias. Porém, infelizmente, os preços acompanham a recente escalada inflacionária da Argentina.

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Mas estes admiráveis detalhes compõem história para outro conto.

A competência deste relato reside a partir da aquisição de duas maquininhas infantis de costurar. Completas, dignas de compor nosso acervamento, embora carentes de parcial restauro. Fabricadas entre 1950 e 1960, com mecanismo metálico (ressalve-se: METÁLICO).

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Embrulhadas em sacos plásticos e metidas num sacolão, juntamente com casacos, água, biscoitos,... com o qual seguimos nosso passeio à pé pelo centro histórico daquela capital.

E, com o sacolão alçado no ombro, fomos já à tarde, visitar outros interesses próximos: museus, igrejas, ...

Como o Palácio do Governo (a bela Casa Rosada), estava aberto à visitação, lá fomos contentes invadir os íntimos de trabalho da presidente Cristina.

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A visitação é gratuita e disponível à qualquer turista que se submeta às longas filas e às aguardadas papeletas coloridas de senha.

Sem maiores dificuldades, ao adentrar ao palácio, passamos pelos detectores de metal, e o sacolão por uma esteira de Raio X, tal como nos aeroportos.

Nossa ingênua tranquilidade foi quebrada, pois que uma breve e surpreendente exclamação do taciturno agente fiscalizador, de olho no monitor, rompeu o silencio palaciano, seguida de sonora gargalhada:

Yo pensé yá ter visto de todo en la tele, mas isto yo nunca he visto, mirem, maquinas de coser chicas !, que cosas vemos acá! ”

A partir do episódio, ficamos famosos, assuntados pela guarda presidencial, ao percorrer os meandros da Casa Rosada, com duas maquininhas de costurar num sacolão ao ombro.

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Esta súbita tangibilidade do invisível, revela mais uma inusitada face, um pontual e hilariante ato, dos tantos que colorem o nobre ato de colecionar e o fascínio da descoberta em cada busca.

As viagens abrigam investigação e pesquisa, elas nos aperfeiçoam:  adicionam novos caminhos, alegrias, sabedorias, novidades, amigos, histórias e estórias. Levam-nos ao passado, ao presente e ao futuro.  Alimentam o doce viço da alma. Impulsionam e resumem o motivo do árduo e fascinante deslocamento.  

“O imenso prazer da chegada curva-se perante a majestade do percurso”.

Até a próxima