Sentimo-nos
admiravelmente incentivados e agradecidos pelos 221.206 visitantes (até hoje, 30
de novembro de 2018) ao blog do nosso museu, originários de uma centena de
países.
Dentre estes, destacamos as dez primeiras
posições:
Visitantes do Brasil 142.080; Estados Unidos
41.347; Portugal 15.002; Russia 7.223; Alemanha 2.020; França 1.407; Espanha
910; Ucrânia 450; Irlanda 431; Polônia 367;...
A
postagem de hoje refere-se à peça mais importante de qualquer acervo de
antiguidades: “O Colecionista”
Conforme o Houaiss, a coleção é uma reunião
ordenada de objetos de interesse estético, cultural, científico, etc., que
possui valor pela sua raridade ou que simplesmente, desperta a vontade de
colecioná-los.
Imagina-se que o hábito da coleção tenha
iniciado a partir do interesse pela guarda de objetos. Assim, presume-se que os
pré-históricos, que já utilizavam ferramentas (de exaustiva confecção), guardavam-nas
para utilizá-las por muito tempo.
Parte de nosso acervo de antigas máquinas manuais de costurar |
Dentre as instituições que preservam objetos, destacam-se as
bibliotecas. A
mais famosa do mundo foi a Biblioteca de Alexandria (século III) a qual,
segundo lenda, continha a fórmula da imortalidade. Certamente tal citação seja
metafórica, relacionando o conteúdo dos livros com a perenidade do pensamento
humano. As bibliotecas eram
cognominadas “tesouros dos remédios da alma”, pois que nelas se curava a
ignorância, que é a mais perigosa enfermidade e causa de todas as outras. Tal asserção é perfeita para a nossa atualidade.
Meio século dedicado
à preservação das máquinas
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Nós, os colecionistas, consagramos grande
parte da vida (no meu caso, mais de meio século) na preservação e acervamento
de objetos, para tornar mais viva, colorida e tangível a história da
humanidade.
Máquinas centenárias,
majestosas e presentes
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Todos navegamos por
semelhantes mares, em naus distintas, embora com específicos objetos. Assim, abençoados
com a beleza do passado, usamos estes exemplares como alicerce para galgar os
pródigos futuros em terra nobre e firme. Direcionamos o
leme, perscrutando itinerários e objetivos, no interesse de salvaguardar a memória,
tornando-a física e visível, para que nossos descendentes tenham a oportunidade
de visualizá-los.
No Museu Arenas –
Colonia Del Sacramento – Uruguay
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Entre nós, possuímos uma afinidade empática.
Algo como uma demonstração de sensibilidade comum. Uma comprobatória evidência
na identificação de interesses recíprocos que excede a mera expressão verbal.
Com o Angelo Sprícigo
(104 anos de idade e 1700 máquinas)
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Dentre tantos, frequentemente visitamos o
Museu Angelo Spricigo (Concórdia – SC) cujo proprietário, o “Vô Ângelo”, a personificação de uma bênção
divina, presente, viva e compactada em seu franzino corpo, mantém, com o neto
Valdecir, o maior acervo de máquinas de costurar do Brasil.
Dedicando um dia de restauro ao Museu Sprícigo |
Considero que os museus estabelecem uma sólida
ponte ligando o passado ao presente e oferecendo a sólida base para sustentar o
futuro.
Não há evolução sem a conexão da cultura histórica |
Os museus
abastecem com informações do pretérito, aplicáveis ao contemporâneo,
num longo
percurso em curto lapso de tempo. (Museu
do Automóvel – Bruxelas – Bélgica).
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Na intenção de conscientizar as comunidades desta
fundamental e imprescindível necessidade, já proferimos palestras em encontro
de museólogos, simpatizantes e leigos onde muitos se mostravam entediados com o
enfadonho assunto. E também já recebi
visitantes, até ilustres autoridades, que comentaram sobre a “alienação mental
de quem vive no passado, em detrimento de alguma atividade mais moderna e
útil”.
Sempre respeitamos todas as opiniões, preceitos,
comentários e críticas, pois estas manifestações também estimulam nossa
dedicação.
Alguns ouvidos surdos e mentes
alheias, tais estátuas
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O nosso Museu de Antigas Máquinas Manuais de Costurar (MAMC) integra o
Cadastro do Ministério da Cultura e é um acervo particular e privado, que
desenvolve pesquisa na evolução mecânica e social deste importante instrumento
mecânico, com abrangência no intervalo entre 1850 e 1950 (época auge de sua
produção e utilização).
Esta disponibilidade informativa apresenta as etapas evolutivas
das tradições e valores intelectuais, morais, espirituais, incluindo a estética,
proteção do próprio corpo às intempéries, e a indiscutível participação da máquina
de costurar na emancipação da mulher, cujo
desenvolvimento iniciou e progrediu num dos resultados da revolução industrial,
no seio europeu, em meados do século XIX.
Como objetiva diretriz, visamos a preservação histórica da máquina
de costurar, que é o segundo instrumento mecânico mais importante da história
humana: (o primeiro é o arado). Possuímos um acervo de mais de uma centena destas antigas
máquinas, com reserva técnica, oficina de restauro e
manutenção.
Nossa oficina de restauro faz
milagres (foto de antes e depois).
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Lamentavelmente, observamos que a manutenção
dos objetos acervados nos museus brasileiros é deficiente. Comumente suas peças
estão deterioradas, com limpeza ou restauro mal executados, utilizando produtos
impróprios, cáusticos, alterando a constituição das peças, ou solventes que
alteram suas cores ou deterioram partes delicadas, comprometendo a estrutura e
estética.
No
que se refere à preservação histórica, nossa soberania vergonhosa e infame,
comprovada nas matérias publicadas (BBC News Brasil on Twitter):
“A verba destinada ao Museu Nacional no ano
de 2018 equivale a dois minutos de gasto do Judiciário brasileiro.
O governo Chinês está exigindo devolução de peças
que foram doadas a museus de todo o mundo e que não estão recebendo a devida
manutenção.
O ministro da cultura do Egito afirmou que o incêndio
do Museu Nacional foi um ataque à memória de seu país, pois muitas relíquias
(múmias e sarcófagos) foram destruídas. Assim como outros países já se
manifestaram, solicita a repatriação das peças ainda existentes.”
Receio que os
museus fiquem à deriva, após a última viagem de seus capitães
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Tais observações revelam desconhecimento
daqueles que teriam a obrigação de preservar nossa história. Ocorre que, normalmente, os museus são
vinculados a municipalidades ou entidades que alternam sua direção e assim, os
próprios funcionários não possuem interesse ou tempo de dedicação para angariar
conhecimento na área, embora possam consagrar o melhor de sua capacidade.
É conveniente ressaltar que não podemos
culpar exclusivamente a falta de subsídios financeiros, mas também o desconhecimento, a imperícia, a
negligência,...
Será necessário entender que a preservação
destes objetos constitui uma página viva, tangível, da história da civilização. E que a falha em sua manutenção promoverá uma
quebra irreparável na interpretação de nossa visível sequencia histórica. Uma criança ou adolescente é infinitamente
melhor sensibilizado ao ver, sentir e analisar um objeto que marcou época do
que imaginá-lo através de gravuras bidimensionais ou pior, explicações
verbalizadas ou textos de interpretação pessoal e inerente ao leitor.
Darlou D’Arisbo - novembro de 2018
museumaquinascosturar.blogspot.com.br
Parabéns pelo magnífico trabalho de restauro e prespreservação de nossa história e cultura.
ResponderExcluirPrezado Darlou
ResponderExcluirConheço teu acervo primoroso, e posso dizer que me inspirei nele para dar alguns passos na direção de uma coleção. Um grande abraço.
Miguel