Esta publicação inicia com um enredo diferenciado dos anteriores, que tinham vocação técnica, embora não abstraíssem o caráter histórico, bases da preservação de objetos que alicerçaram a evolução de nosso presente e futuro.
Assim posto, inicio este a partir de um patamar histórico e turístico da cidade de Bom Jesus, emancipada em 1913 com o nome atual. Mas foi criada em 1878, a partir da Capela do Senhor do Bom Fim, construída por Manoel Silveira de Azevedo (dono das terras), ao voltar da Guerra com o Paraguai.
Situa-se no extremo nordeste do estado do Rio Grande do Sul (Brasil), com altitude de 1050m e possibilidade de neve no inverno (recorde de -09ºC) . Uma urbe agradável, tranquila e aconchegante.
Praça central da cidade
Ao visita-la com nosso motorhome, percorrendo sua avenida central, deparei com uma pequena e acolhedora floricultura, a qual, além de sua atividade padrão, possuía algumas antiguidades.
Graciosa floricultura
E, dentre estas peças, uma antiga máquina de costurar despertou-me interesse. Estava aparentemente completa, com base em ferro, embora suja por ali estar na prateleira há muito tempo.
Adquiri a maquininha da gentil proprietária, e segui viagem até a aprazível cidade de Gramado, onde estacionamos por alguns dias.
Mas a ansiedade venceu e, embora carente de desmonte total, iniciei uma pré limpeza, tendo a grande surpresa de descobrir uma bela decoração de madrepérola incrustadas em sua “mesa”.
Adquiri a maquininha da gentil proprietária, e segui viagem até a aprazível cidade de Gramado, onde estacionamos por alguns dias.
Mas a ansiedade venceu e, embora carente de desmonte total, iniciei uma pré limpeza, tendo a grande surpresa de descobrir uma bela decoração de madrepérola incrustadas em sua “mesa”.
A madrepérola é originalmente produzida como revestimento interno de algumas conchas, de mesmo material das pérolas, matizada e brilhante, utilizada em joias e sofisticadas decorações, graças à sua beleza e durabilidade.
Originalmente engastadas e preservadas por 150 anos
Estas bonitas incrustações em modelos florais, resistiram a um século e meio de manuseio e necessitaram apenas de leve polimento para, felizes, refletir o esplendor de sua época.
Alguns dias após, retornei à minha cidade (Toledo PR) onde mereceu melhor limpeza para identificá-la e avaliar a possibilidade de restauro.
Descobri que se trata de uma Saxônia (homenagem à província de mesmo nome) uma das sessenta marcas da Indústria alemã Clemens Muller, iniciada 1875, em Dresden.

A belíssima Dresden, no leste da Alemanha, às margens do rio Elba,
destruída na II Grande Guerra e fielmente reconstruída após.
Parafusos e roscas foram cuidadosamente limpos, polidos, sendo que nenhum necessitou troca, situação animadora, pois a inexistência atual de similares roscas, exigiria delicados trabalhos com tarraxas e machos, confecção de diferentes “cabeças” de parafusos e, obviamente comprometimento da notória originalidade da máquina.
Após montagem e ajuste do mecanismo com todas suas peças originais, realizei o teste de funcionamento, coroado de êxito.
Assim, após um exaustivo e fascinante trabalho de restauro, por meses, esta Saxônia de número 783.115, fabricada pela Clemens Muller em janeiro de 1886 é jubilosamente reanimada,
Assim, após um exaustivo e fascinante trabalho de restauro, por meses, esta Saxônia de número 783.115, fabricada pela Clemens Muller em janeiro de 1886 é jubilosamente reanimada,
Agora, tal uma imponente majestade, ela incorpora o acervo de nosso Museu de Antigas Máquinas Manuais de Costurar, ao lado de outra centena de lindas vetustas, das quais 36 são Clemens Muller.
Prof. Darlou D'Arisbo
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